Trio Pangea na Super-Etiqueta Discografica NAXOS com a SUA AJUDA!


O Trio Pangea, formado pelo violinista espanhol Adolfo Rascón Carbajal, o pianista francês Bruno Belthoise, e a violoncelista portuguesa Teresa Valente Pereira constituem uma das mais importantes "equipas de choque" de promoção da cultura musical portuguesa no mundo. O Canto do Vieira foi falar com eles para melhor conhecer o seu projecto.

Onde se conheceram?
Teresa: Eu e o Bruno conhecemo-nos há mais de 20 anos, pois os nossos pais eram amigos desde os tempos em que os meus viveram em Paris. Eu, uma miúda de 8 anos, iniciante no violoncelo, e o Bruno um jovem pianista já com carreira, prestes a ser pai.O Adolfo conheci mais tarde, no meu segundo ano de estudos na Escola Superior de Musica Reina Sofia, em Madrid, onde tocamus juntos muita musica de câmara. 
Bruno: Eu descobri nesta época (1991) a cultura musical portuguesa, que me suscitou desde logo interesse. Após múltiplas viagens ao Porto e Lisboa, com o objectivo de aprofundar o meu conhecimento,, iniciei desde logo uma uma série de gravações e programas de concertos onde a música portuguesa era a protagonista, dando destaque aos laços de união artística entre a França e Portugal. A Teresa e eu interpretámos numerosas obras portuguesas para violoncelo e piano, e realizámos até a primeira gravação mundial da sonata para piano e violoncelo de Armando José Fernandes.

Como nasceu o trio? Com que mensagem/objectivo?
Desde os seus inícios, um dos principais objectivos do nosso trio foi a divulgação da música do século XX e XXI, nomeadamente a portuguesa. Paralelamente, gostamos de explorar os grandes trios de repertório para desenvolver as nossas próprias interpretações.

Neste CD que acabaram de lançar podemos ouvir que compositores?
Neste primeiro disco estão incluídos os trios de Luiz Costa, Cláudio Carneyro e Sérgio Azevedo, sendo este último dedicado ao Trio Pangea. O trio de Luiz Costa, embora tenha sido composto em 1937, caracteriza-se pelo seu romantismo e a sua forma é bem clássica. Tem sempre uma recepção entusiasta do público! O trio de Cláudio Carneyro (1928), composto anteriormente ao de Costa é curiosamente muito mais experimental e livre, em três andamentos completamente diferentes, jogando com temáticas populares, melodias íntimas de inspiração romântica e experimenta novas técnicas compositivas. Por fim, o trio Hukvaldy de Sérgio Azevedo (2013) e dedicado ao Trio Pangea, foi construído a partir de um fragmento de obra do compositor checo Janácek que vai sendo progressivamente distorcido e modificado dando origem a material completamente distinto.

Foi fácil a escolha? Algum fio conductor entre os compositores?
Os critérios para a escolha dos compositores foram vários. Por um lado, que os três trios do disco fossem representativos de épocas e correntes estéticas diferenciadas, desde peças herdeiras da tradição romântica a outras de inspiração modernistas. Por outro, que um dos trios fosse uma encomenda do Trio Pangea a um compositor contemporâneo, reforçando o nosso compromisso com a música portuguesa, ao mesmo tempo que enriquecemos o repertório para a nossa formação. Em suma, ao juntar estes compositores neste CD, quisemos pôr em evidência os profundos contrastes que a música de cada um transmite ao ser ouvida ininterruptamente, uma característica que queremos plasmar na concepção de todos os álbuns da antologia.

O que acha o Adolfo Carbajal da música portuguesa?
Adolfo: Para mim, a música portuguesa foi uma grande descoberta. Música original e intensa, capaz de transmitir uma colorida paleta de emoções. Há compositores muito interessantes da primeira metade do século XX que merecem toda a nossa atenção. Esperemos que no século XXI estes estejam nas luzes da ribalta.

Foi através do Trio Pangea o primeiro contacto com a música portuguesa?
Adolfo: Não, o meu primeiro contacto com a música portuguesa foi em Alfama, numa das maravilhosas tascas de fado da mágica noite lisboeta. Que melhor forma de apaixonar-se pela música portuguesa?

O trio tem conquistado os palcos um pouco por todo o mundo. A que se deve tamanho sucesso?
O Trio Pangea estabeleceu as suas raízes a partir do grande repertório para esta formação, construindo o seu próprio som, definindo o seu timbre. Ao trabalhar obras de grandes compositores como Haydn, Beethoven, Schumann, Fauré, Debussy, Schostakovich. fomos descobrindo a dialéctica e equilíbrio adequados a nós. Após 10 anos, tocámos em vários países europeus: França, Espanha, Portugal, Bélgica. Paralelamente, as colaborações directas com compositores contemporâneos como Emmanuel Hieaux, Alberto Colla e Sérgio Azevedo, enriqueceram, do ponto de vista artístico, as nossas interpretações. Finalmente, ao dedicarmos uma parte importante do nosso repertório à música portuguesa, chamámos a atenção de um público mais alargado e curioso em conhecer a música portuguesa, sobretudo através deste nosso último projecto “Portuguese Trios Anthology”. Recebemos ecos de reacções muito positivas de melómanos americanos em relação à saída do primeiro volume da antologia gravada para a NAXOS, provando mais uma vez que há um interesse genuíno noutros países, também fora da Europa, pela música portuguesa e que a aposta na sua divulgação e valorização deve continuar.

Como foi recebido o convite da enorme etiqueta Naxos para divulgarem o vosso trabalho além fronteiras?
Na realidade, a proposta partiu do Trio Pangea, tendo sido a NAXOS muito receptiva ao projecto desde o início. A parceria é ao nível da fabricação e distribuição do disco, depois de termos passado os seus próprios controles de qualidade, tanto a nível  musical como técnico e também editorial, no que se refere à produção de textos para o livrete e eleição da capa do disco. Nós somos os produtores e eles são os que corrigem, aprovam, realizam o desenho final do CD, fabricam e distribuem.

O trio procura apoio entre os fãs e demais amantes de musica clássica portuguesa. Como poderão apoiar o projecto?
O “Portuguese Trios Anthology Project” é, depois da série de gravações das sinfonias portuguesas
para a NAXOS por Álvaro Cassuto, o único projecto discográfico de envergadura mundial que possibilita um destaque internacional para a música de câmara portuguesa. No entanto, este projecto não existiria sem a nossa fé, vontade e financiamento, sendo o Trio Pangea o único produtor das gravações desta antologia. Em outras palavras, todas as despesas para a produção de um Master de gravação (aluguer de uma sala, contratação de um técnico de som e material de gravação, trabalho de montagem e masterização) são pagas pelo Trio Pangea, juntamente com as despesas da encomenda de um novo trio a um compositor contemporâneo para cada volume da antologia e despesas de promoção e publicidade. É preciso que se saiba que, por obrigações contratuais estamos obrigados a ceder todos os nosso direitos de intérpretes à NAXOS, significando isto a renúncia a receber qualquer tipo de “royalties”. Apesar das contrariedades, acreditamos que o nosso projecto é essencial para a difusão da música portuguesa no mundo. Para garantir a continuação do projecto, precisamos de atingir o nosso objectivo de conseguir 3000 euros, antes do dia 12 de Abril, através da campanha de crowdfunding que lançámos. O Trio Pangea convida os amantes da música a unirem-se a este projeto, contribuindo para torná-lo realidade! Para saberem como podem apoiar-nos, basta entrar na seguinte página:

http://ppl.com.pt/pt/prj/trio-pangea

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