Ricardo FIGUEIRA, de jornalista a fotografo de excepção


O jornalista da Euronews, radicado em Lyon, apaixonou-se pela fotografia aos 20 anos de idade e desde então tem somado varios sucessos em Portugal e França 


Jornalista de profissão, quando começou a paixão pela fotografia?
Comecei a interessar-me quando os meus pais me ofereceram a primeira máquina reflex quando fiz 20 anos (1995), mas a verdadeira paixão nasceu ao fazer um workshop com Jean-Christophe Béchet, em 2006, em Arles. Foi aí que percebi que o importante não é fazer fotos “bonitas”, mas sim algo que exprima um ponto de vista pessoal.

Qual das paixões surgiu primeiro?
O jornalismo.

Considera-se jornalista apaixonado pela fotografia, ou um fotógrafo que se sustém através do jornalismo?
Mais a primeira opção. Há poucos dias li um texto do Daniel Blaufuks (fotógrafo contemporâneo português), que dizia que só quem faz fotografia a 100%, mesmo que tenha outra profissão, se pode considerar fotógrafo. Comigo não é assim, tenho fases em que me dou mais e outras em que decido fazer um parêntesis na fotografia, sem nunca deixar de fotografar.

Quando veio para França? Porquê?
Vim em 1999, para trabalhar na Euronews. Respondi a um anúncio, fui aceite, e 15 dias depois tinha as malas feitas.

A sua ultima exposição - "Rostos"- retrata uma parte da emigração portuguesa em França. Porque escolheu a emigração para esta exposição?
O “Rostos” não foi uma ideia minha, mas sim da co-autora do projecto, a Elisabeth Machado Marcellin. Mas aderi à ideia desde o início, penso que é algo que nunca foi feito e é um bom tema para a minha estreia no retrato. Nunca tinha feito nada nesta área.

A exposição pode actualmente ser visitada? Onde?
Neste momento não. A última exposição aconteceu em Montpellier, no final do ano passado, por iniciativa da associação Casa Amadis. 

Por onde passou a exposição?
Antes, tinha estado em Saint-Etienne (Biblioteca da Universidade), no Porto (Casa Barbot, V.N. de Gaia) e em Paris, no Consulado.

Fez formação como fotógrafo?
Apenas workshops, com, por exemplo Jean-Christophe Béchet, Meyer e Marc Lafon. 

Pega na máquina propositadamente ou deixa-se levar pelas oportunidades que surgem?
Depende. Antes, andava sempre com a reflex atrás. Desde que comecei a usar o móvel para fazer fotografia (e uso cada vez mais), deixo-a cada vez mais em casa. O telemóvel é como um prolongamento do nosso corpo, é algo com que andamos sempre, o que faz com que a “démarche” seja também diferente. Ele regista aquilo que os nossos olhos veem quase imediatamente, a fotografia feita com a máquina é mais “recherchée” (“procurada” não será uma tradução exacta… elaborada, talvez).

O que tenta expressar sempre que fotografa?
A minha visão das coisas. O que nem sempre é fácil de encontrar.

Quais os seus ídolos na fotografia?
Em termos de clássicos, muitos, mas destaco o Henri Cartier-Bresson (incontornável) e a Vivian Maier. Dos portugueses, aprecio muito o trabalho do Paulo Nozolino.

Como sabe quando deve premir o botão? Essa sensibilidade é inata ou desenvolve-se?
Com medo de citar o Sr. de La Palice, devemos premir o botão quando sentimos que o devemos premir. Ao encontrarmos um local que “daria uma boa foto”, devemos passar lá algum tempo, procurar um ângulo, esperar que uma situação aconteça (alguém a passar, etc) em vez de fotografar e andar. Foi o Jean-Christophe que me ensinou. Claro que nem sempre há tempo para isso.

Exposições futuras?
Neste momento, estou a fazer um parêntesis na fotografia. Continuo a fotografar, mas menos. Estou à espera de algo que me motive para mergulhar de cabeça outra vez. Exposições futuras, não sei. Gostaria de fazer algo com as fotos tiradas com o telemóvel. Apaixonei-me pelo Hipstamatic.


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