Luísa Tender: "Adoro o Barroco. Se só pudesse ouvir e tocar um compositor, seria J. S. Bach"

Nome: Luísa Tender
Disco preferido: Não sei responder! São tantos…
Escritor ou livro preferido: Idem.
Cidade portuguesa de eleição: Mirandela, a cidade de uma das minhas origens


Numa determinada fase da sua carreira artística viajou até Paris para se aperfeiçoar. O que a levou a escolher Paris?
O professor com quem estudei e a qualidade/competitividade da École Normale de Musique.

Como foi a sua vivência na capital mundial das Artes? Que memórias guarda desta experiência? 
Foi uma experiência muito enriquecedora. A vida cultural é obviamente riquíssima. Foi interessante confrontar Paris com outras “capitais culturais” onde vivi, nomeadamente Londres e Los Angeles.

Como descobriu piano?
O meu irmão mais velho tinha aulas em casa e,quando a professora lá ia, eu queria participar.

Soube sempre que era enquanto pianista que mergulharia no futuro?
Não, só pelos 15/16 anos. Até lá punha várias outras hipóteses, pois havia (e há) muitas actividades que me encantam.

Os pais sempre a apoiaram?
O mais possível.

Com que época e compositor mais se identifica?
Adoro o Barroco. Se só pudesse ouvir e tocar um compositor, seria J. S. Bach

Musica de câmara ou a solo?
De câmara, embora a maioria dos meus concertos seja a solo. Obviamente também adoro tocar a solo.


Qual a personalidade musical com quem mais gostou de se cruzar?
Vitalij Margulis.

E quem teve maior influência sobre si?
Musicalmente, Vitalij Margulis. Num plano mais pessoal, Irina Zaritskaya

E com quem mais se identifica?
Não me identifico com nenhum dos músicos que mais admiro e com quem mais aprendi. Trata-se, em qualquer dos casos, de personalidades internacionais com grandes carreiras. Claro que assimilei traços musicais de uns e de outros.

O que acha do escasso número de obras editadas, publicadas e comercializadas em Portugal nos últimos anos?
Penso que a situação está a melhorar nesse campo. Cada vez há, em Portugal, mais música e mais músicos.

Porque o resto do Mundo continua tão distante dos grandes compositores portugueses?
 Não concordo. Na música dita erudita, há os grandes compositores, e há os outros, que apesar de poderem ser óptimos têm um lugar mais periférico na história de música. Os Portugueses não são mais distantes do “resto do Mundo” do que outros compositores excelentes, de várias proveniências, que não estão no grupo dos maiores.

Qual o seu compositor português de eleição?
 Eurico Carrapatoso

E a obra?
Magnificat em Talha Dourada

O que ouve no carro?
Um pouco de todos os géneros da música erudita

Considera Portugal um país culturalmente activo?
Sim

Paralelo aos outros países europeus?
Sim. Penso que muitos portugueses sub-valorizam a vida cultural do seu País. Claro que Viena ou Londres têm mais eventos culturais que Lisboa mas…Quando eu vivia em Londres ia tão frequentemente a concertos e exposições como vou em Portuga! Lisboa, em particular, é uma cidade que fervilha de vida cultural. 

Qual a diferença?
Há cidades e países mais centrais, outros mais periféricos. Portugal é geograficamente periférico na Europa. Mas isso também nos traz vantagens…

Acha que a Arte é considerada prioridade em Portugal?
Estamos em plena crise severa e, por isso, a Arte é a primeira a sofrer. Isto aflige-me, mas também concordo que outras necessidades essenciais dos cidadãos estão à frente de tudo.

Porque é que a música erudita continua tão afastada do grande público?
Julgo que a música erudita nunca foi para o grande público. Ouso dizer que isso é uma utopia.

Considera o mercado cultural francês acessível aos artistas portugueses?
Em alguns casos. Sendo um mercado competitivo, naturalmente será menos acessível do que outros.

O reconhecimento dos artistas portugueses no estrangeiro é uma ilusão?
Em alguns casos, não. A Maria João Pires é tão conhecida como o Luis Figo! É claro que, para se ser reconhecido no mundo todo, é preciso ser um dos melhores. Maria João Pires e Luis Figo, nas suas áreas de trabalho, são-no!

E em Portugal?
 Portugal acolhe e reconhece o trabalho dos seus artistas. É uma característica simpática do nosso País.

Quantos álbuns gravou? Onde podem ser encontrados?
Dois. Encontram-se nos canais e locais habituais de venda. A “página esquecida” foi mais divulgada, pois a editora Dreyer & Gaido é particularmente boa neste campo.

Quais os seus próximos projectos?
 Sul Tempo Ensemble e um novo disco!


Tem um suporte on-line onde os nossos leitores possam acompanhar a sua carreira? 
www.luisatender.com


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