Horácio Ferreira, clarinetista de Ouro de Portugal


Quem é Horacio Ferreira?
Sou um clarinetista, freelancer e concertista. Sou natural de Santa Comba Dão e através da música persigo os meus sonhos e objetivos.


Como foi o primeiro contacto com o clarinete?
O primeiro contacto que tive com a música foi na Sociedade Filarmónica Lealdade Pinheirense, aos 7 anos, quando experimentei pela primeira vez o clarinete.
Desde então seguiu-se uma longa viagem...

Qual foi a reacção dos pais quando disse que queria ser músico profissional?
Esse momento deu-se quando decidi ir estudar para a Escola Profissional de Música de Espinho. Não foi fácil porque a música não era vista como uma opção profissional mas sim como um hobbie - ainda acontece hoje, mas cada vez menos -, e naturalmente a minha mãe tinha receio de uma mudança tão radical quanto esta. Fui dos primeiros músicos profissionais na minha zona. No entanto, tive sempre o apoio em casa quando precisei, e por isso estou muito agradecido.

Onde se encontra actualmente a estudar?
Neste momento não estou em nenhuma escola a estudar. Decidi que o melhor para mim seria apostar em fazer mais concertos e ter alguém que pontualmente me aconselhe. Estou portanto a ser aconselhado por Nicolas Baldeyrou, em Paris.

Porque sentiu necessidade de sair de Portugal?
Não foi bem uma necessidade, mas sim uma tentativa de melhorar e conhecer outros conceitos, ideias e estar aberto a novos desafios. Estudei numa escola de referência em Portugal, a ESMAE e após a conclusão da minha Licenciatura o melhor para mim seria, sem dúvida, trocar de ares e seguir um novo caminho.
Não foi por isso uma prioridade, mas sim uma opção.
 
Quem mais o marcou durante o seu percurso enquanto estudante?
Ao longo do meu percurso fui absorvendo muitas coisas diferentes de todos os meus mestres e cada um deles importante nos diferentes momentos.
Obviamente que estudar com Michel Arrignon foi um marco importante para mim e que mudou muito a minha forma de ver, não só o clarinete, como também a música.
Seria injusto não falar no Luís Carvalho, pois foi ele que me fez ver a música de uma forma mais profissional e soube motivar-me para ser cada vez melhor. E claro, António Saiote, com quem obtive o meu diploma na ESMAE.
Portanto posso dizer que todos foram construindo o clarinetista e a pessoa que sou hoje.

Considerado como um dos jovens mais proeminentes em Portugal, como vê este seu sucesso?
O sucesso é basicamente o fruto das vitórias nos diferentes concursos. Estou feliz por estar a vivenciar cada passo que dou na minha carreira e acima de tudo por estar a fazer aquilo que sempre quis. É caso para invocar que o sucesso é fruto do trabalho. Trabalho para cada concerto e para cada apresentação. Desejo que as pessoas que assistem aos concertos onde participo reconheçam arte e dessa forma não tornem o meu sucesso efémero, e para isso, continuarei a trabalhar todos os dias.

Tem tido o apoio merecido em Portugal?
Em Portugal tenho merecido atenção de diversas pessoas e entidades, muito graças ao facto de ter sido o Jovem Músico do Ano 2014. No entanto é uma área sempre complicada. Somos um país muito centralizado nos grandes centros, e fora deles é complicado chegar por diversas razões. Há imensos jovens talentos para além dos músicos já estabelecidos, e entrar no mercado de trabalho é cada vez mais difícil (falando de uma forma digna...).
De uma forma muito concreta tenho tido destaque em Portugal por parte da Casa da Música e da Fundação Gulbenkian aquando a minha nomeação para “Rising Star” ECHO.

A Arte é uma prioridade em Portugal?
A arte não é uma prioridade, há matérias com mais relevo, no entanto, isso não significa que não deve ter qualquer importância ou que fique esquecida, ou que seja sempre o primeiro sector a pagar as consequências da sociedade. A arte deve ser vista como meio de união, de investimento, de evolução de mentalidades e ideais, de consagração da educação, em suma um investimento no próprio país.

Livro preferido?
Apesar de não ser algo que faça com muita frequência, atualmente estou a ler ‘Inteligência Emocional’ do Daniel Goleman.

O que ouve no carro?
No carro para além de música comercial, ouço música erudita, jazz, pop... e alguma música rock também. Depende sempre do estado de espirito...

Compositor preferido?
Tenho dois compositores, Mozart e Beethoven. 

Obra?
Concerto de Clarinete de Mozart; As sinfonias de Beethoven...
É difícil escolher porque gosto de muitas coisas…

Inspiração?
Inspiro-me diariamente com as pessoas que me rodeiam, pois são elas que acreditam sempre em mim. Se tiver que eleger alguém em particular, a minha Mãe, pela força e pelo esforço que sempre fez em cada momento.

Qual foi a sua maior conquista até hoje?
Há três coisas que me marcaram bastante:
ser vencedor do PJM como Jovem músico do ano
ser finalista do Concurso de Praga 
ser nomeado ‘Rising Star’ ECHO

A sua maior decepção?
Não ter ganho um lugar de orquestra a tempo inteiro.


Próximos projectos?
Para já estou concentrado nos próximos concertos que tenho, nomeadamente em Londres, Budapeste, Birmingham e Colónia. Até ao próximo verão irei gravar o meu primeiro CD.

Como podem os leitores acompanhar a sua carreira?
Para além de me poderem acompanhar no Facebook, irei lançar brevemente a minha página web.


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