Porque foram até à Mitologia grega escolher o nome do vosso duo?
Na altura de escolher o nome
para o duo estávamos a preparar o primeiro poema dos Mitos de Szymanowski - La Fontaine d’Arethuse. Esta era a
primeira vez que explorávamos a obra deste compositor, e desde logo sentimos um
ligação muito especial com estes três Mitos, obras místicas, intensamente
emotivas. Apaixonamo-nos particularmente pelo terceiro - Dryades et Pan -, e achamos que fazia sentido adoptar um nome que
remetesse para esta obra.
Onde se conheceram?
Conhecemo-nos em Lisboa,
durante a nossa licenciatura na Academia Nacional Superior de Orquestra
(Metropolitana). Tocamos juntos pela primeira vez em 2008, aquando a formação
de um quarteto de cordas com piano nesta escola.
Desde logo perceberam que iam passar juntos por vários sucessos?
Saul: Somente em 2010 surgiu a ideia de formarmos um duo permanente. Por esta
altura, a Carla, influenciada pelo seu então professor no Royal College of
Music Radu Blidar, decidiu incidir o seu estudo no repertório dos finais do
séc. XIX / inícios do séc. XX, especialmente nas obras que saíam do repertório 'habitué'
do ensino. Porque somos amantes da Arte, mantendo-nos com uma constante
curiosidade por tudo o que é inovador, peculiar e até certo ponto não
convencional, decidimos que o principal foco de trabalho do Dryads Duo passaria
em explorar e partilhar com o público obras menos tocadas, menos conhecidas e
com as quais sentíssemos uma forte ligação.
Quanto aos sucessos, são fruto
das decisões que tomamos de forma a desenvolver o que acreditamos ser o melhor
caminho a seguir, para que o Duo continue a crescer artisticamente e a evoluir
no sentido de solidificar o seu percurso.
Como surgiu o convite de parceria com a KNS Classical?
Conhecemos o director da KNS
Classical aquando a sua visita à Windsor Piano School, na qual ambos
leccionamos. Aproveitamos a ocasião para discutir com ele o nosso projecto e
pedir alguns conselhos sobre a gestão da nossa carreira. Mostrando-se bastante
interessado no nosso projecto, o director protificou-se a ajudar-nos,
aprofundando em nós o sentido do nosso trabalho e o caminho que deveríamos tomar. Decidiu-se
então que seria importante e oportuno gravar um segundo CD, algo que tínhamos
como objectivo havia já algum tempo.
Como foi o processo de escolha das obras a gravar?
O processo de escolha foi
fácil. Tocamos pela primeira vez em 2012 a Sonata de Respighi na Casa da
Música, e desde logo percebemos que esta obra nos iria acompanhar para sempre
pela sua grandiosidade. Após o lançamento do nosso primeiro CD, nesse mesmo
ano, decidimos que na eventualidade de termos a oportunidade de gravar um novo
disco, uma das obras a incluir seria definitivamente esta Sonata.
Como já referimos em cima, os
Mitos de Szymanowski são obras de grande importância para nós. Para além de nos
terem inspirado para o nome do duo, são obras que verdadeiramente adoramos, e
que por nos identificarmos tanto com elas fazia todo o sentido serem incluídas
neste CD.
A Sonata de Elgar é incrível
pela sua expressividade e intimidade. Incluímos esta obra no nosso repertório
por ser pouco conhecida e raramente tocada. Estas três obras foram compostas
durante um período de apenas 4 anos, 1915-1919. No entanto, é espantoso como as
linguagens são tão distintas, assim como o tratamento dos instrumentos. Achamos
que seria interessante partilhar e registrar esta experiência.
Um momento difícil na vossa carreira?
Não conseguimos definir um
momento em si. Ao longo do percurso vão aparecendo naturalmente diferentes
obstáculos. Talvez os mais difíceis de superar sejam aqueles que nos fazem
questionar a validade do nosso trabalho. Isto é, por vezes damos por nós a
necessitar de “recarregar energias” para enfrentar as adversidades inerentes à
carreira de um artista.
E aquele que mais se orgulham?
É com orgulho que lançamos o
nosso segundo CD com as obras que dele fazem parte. Como já referimos são obras
que nos dizem imenso e com as quais nos identificamos especialmente. Assumir a
responsabilidade de as gravar foi um desafio muito grande, quer pela
dificuldade técnica quer pela responsabilidade de fazer justiça à música em si.
O envolvimento intelectual e emocional que estas obras requerem é especialmente
intenso.
O compositor com quem mais gostam subir em palco?
Não temos um compositor
favorito. Por muito repetida que esta resposta possa ser, é a verdade. Não
vamos propriamente em busca de um compositor em particular mas sim de obras que
achamos se enquadrar no projecto.
Onde foi o lançamento do CD?
O lançamento do CD aconteceu no
dia 23 de Novembro de 2016, na Maison du Portugal-André Gouveia, na Cidade
Universitária de Paris, onde tocámos a Sonata de Mozart KV 304, os Três Mitos
Op. 30 de Szymanowski e a Sonata de Elgar Op. 82. O
público presente foi extremamente caloroso e a resposta às obras apresentadas
do CD foram bastante bem recebidas. Aproveitamos para agradecer à Dra. Ana
Paixão, ao Instituto Camões e à Fundação Calouste Gulbenkian em Paris pelo
apoio na realização deste evento.
Próximos concertos?
O nosso próximo recital será
já no início de Fevereiro, dia 2, no Centro Cultural de Belém. Este, é um
recital inserido no ciclo Quintas às 7, e será gravado e transmitido em directo
para a Antena 2. Até ao Verão temos concertos agendados em Brighton, Londres
(Burgh House), Palácio Foz em Lisboa, Castelo Branco e Casa da Música.
Têm uma plataforma digital para que os nossos leitores possam seguir a vossa
carreira?
Para estarem a par dos nossos
futuros concertos e projetos poderão visitar o nosso website www.dryadsduo.com ou mesmo seguir-nos através da nossa página de facebook https://www.facebook.com/dryads.duo. No nosso canal do youtube https://www.youtube.com/user/DryadsDuo têm a oportunidade de ouvir algumas das nossas gravações.
Aproveitamos para dizer que
quem estiver interessado em adquirir um dos nossos CDs, poderá fazê-lo
contactando-nos directamente através do facebook ou por email:
dryadsduo@gmail.com.
Uma mensagem para este blog?
Um forte abraço a todos os portugueses
espalhados pelo Mundo, saudosos de Portugal. Um especial ao Ricardo Vieira por
de certo modo nos tentar aproximar!
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